Oi, pessoal. Depois de terem a oportunidade de praticarem um texto dissertativo, ontem, vamos para a literatura.
Já sabemos que Machado de Assis é presença garantida nas provas do ENEM. Como não é método do exame sugerir obras para leitura, como alguns vestibulares do país o fazem, é através de fragmentos dos textos literários que o autor, a obra, o período aparecem.
Roteiro de hoje (dia 7/150):
1)Assistir ao vídeo "Por que Machado de Assis é genial?" ;
2) Resolver os 7 exercícios abaixo, já cobrados no ENEM, envolvendo características dos textos machadianos. Meta: acertar ao menos 5.
Bom trabalho aí!
Link para o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=9_cQ3Nc-U2A1) ABL lança novo concurso cultural: “Conte o conto sem aumentar um ponto”
(Disponível em: www.academia.org.br. Acesso em: 18 out. 2015 (adaptado)
O Twitter é reconhecido por promover o compartilhamento de textos. Nessa notícia, essa rede social foi utilizada como veículo/suporte para um concurso literário por causa do(a)
a) limite predeterminado de extensão do texto.
b) interesse pela participação de jovens.
c) atualidade do enredo proposto.
d) fidelidade a fatos cotidianos.
e) dinâmica da sequência
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2) Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis.
(Disponível em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009).
Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de
a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor.
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana.
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema seus principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos.
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.
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3) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957)
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:
a) … o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …
b) … era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, …
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos …
e) … o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.
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4) "Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero […]. Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.˜
(ASSIS, M. A causa secreta, Disponível em: www.dominimopublico.gov.br. Acesso em: 9 out. 2015.)
No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a)
a) indignação face à suspeita do adultério da esposa b) tristeza compartilhada pela perda da mulher amada c) espanto diante da demonstração de afeto de Garcia d) prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio e) superação do ciúme pela comoção decorrente da morte.
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5) BONS DIAS! 14 de junho de 1889
˜Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos jornais velhos! Conhece-se um homem diante de um deles. Pessoa que não sentir alguma coisa ao ler folhas de meio século, bem pode crer que não terá nunca uma das mais profundas sensações da vida, — igual ou quase igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado."
(ASSIS, M. Bons dias! Crônicas 1888-1889. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Hucitec, 1990.)
O jornal impresso é parte integrante do que hoje se compreende por tecnologias de informação e comunicação. Nesse texto, o jornal é reconhecido como
a) objeto de devoção pessoal
b) elemento de afirmação da cultura
c) instrumento de reconstrução da memória
d) ferramenta de investigação do ser humano
e) veículo de produção de fatos da realidade
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6) Capítulo III
“ Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços.”
(ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento).
"Quincas Borba" situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside
a) no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência
b) no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes
c) na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião
d) na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho
e) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.
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7) "Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito."
(ASSIS, M. et al. Missa do galo: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Summus, 1977 (fragmento).
No fragmento desse conto de Machado de Assis, “ir ao teatro” significa “ir encontrar-se com a amante”. O uso do eufemismo como estratégia argumentativa significa
a) exagerar quanto ao desejo em “ir ao teatro”
b) personificar a prontidão em “ir ao teatro”
c) esclarecer o valor denotativo de “ir ao teatro”
d) reforçar compromisso com o casamento
e) suavizar uma transgressão matrimonial.
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7) Capítulo LIV - A pêndula
"Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tic-tac soturno, vagaroso e seco, parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dous sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
-- Outra de menos...
-- Outra de menos...
-- Outra de menos...
-- Outra de menos...
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há-de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exacta em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados."
( ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).
O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque
a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
d) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas
e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.
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Gabarito: 1a / 2e / 3a / 4d / 5c / 6a / 7e / 8 d
Até amanhã! Professora Lou

Felipe A
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